Adubação de plantas cítricas sob telado

A qualidade da muda cítrica poderá se constituir em fator limitante na implantação do pomar. Assim, o cultivo em ambiente protegido vem se constituindo em uma das medidas exigidas pela legislação brasileira para obtenção de uma boa muda (certificada). Neste cultivo, a associação de substratos isentos de patógenos e adubação nitrogenada mais intensa resultará em mudas aptas ao transplante em tempo reduzido

A utilização de recipientes com reduzidas dimensões, por longo período de permanência das plântulas, tornam os sistemas radiculares sujeitos a restrições físicas. O uso de fertilizantes de liberação lenta é de grande praticidade para produção de mudas em recipientes, fundamentado na contínua liberação dos nutrientes, reduzida lixiviação e manutenção da nutrição por todo período de crescimento. Associado a isto tem-se a redução de mão-de-obra nas adubações em cobertura, redução de danos às sementes ou plântulas pela salinidade e perda de N por volatilização.


Exigências nutricionais

Nitrogênio (N)

As pesquisas realizadas com diferentes porta-enxertos de citros mostraram que o nitrogênio é o nutriente mais importante para o crescimento vegetativo das mudas, com exigência nutricional diferenciada. Os limoeiros apresentam maiores alturas e diâmetros do caule e chegam mais rapidamente ao ponto de enxertia que as tangerineiras.

Doses

Mudas de limoeiro ‘Cravo’ tiveram o crescimento máximo com aplicação semanal da dose de 0,37 g/L de N como uréia ou nitrato de cálcio, não havendo variação entre as fontes.

As doses de N, na forma de uréia, recomendadas para os porta-enxertos ‘Cravo’, ‘Volkameriano’, ‘Cleópatra’ e ‘Sunki’ são, respectivamente, 455, 433, 543 e 546 mg/dm3 de substrato.

Doses muito altas de N limitam o acúmulo de N, P, K, Ca e Mg na parte aérea das mudas do limoeiro ‘Cravo’.

Fontes

O N pode ser fornecido usando-se fontes nas formas nítrica, amoniacal e amídica.
A uréia é a fonte comercial mais facilmente encontrada no mercado, de menor custo por unidade de N aplicado, altamente solúvel e compatível com os outros fertilizantes. Todavia, as perdas por volatilização e o efeito ácido no substrato são limitantes, considerando-se a aplicação intensiva e o baixo volume de substrato usado.
O nitrato de cálcio mostra-se mais viável pelo seu efeito alcalino, alta solubilidade, e ser uma fonte de cálcio, apesar do alto custo relativo.

Modo de aplicação

O N é aplicado, preferentemente via água de irrigação, com uma freqüência variável de uma a duas vezes por semana (10 ml/tubete), iniciada aos 56 dias após a germinação das sementes e repetida semanalmente, por 15 semanas, até o transplante das mudas.

Fósforo (P)

Aplicado na forma de fosfato ácido de potássio na concentração de 13,6 g/L.

Potássio (K)

Aplicado na forma de sulfato de potássio comercial, 87 g/L.

Magnésio (Mg)

Aplicado como sulfato de magnésio, 6,4g/L.

Micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn)

Aplicados nas formas quelatizadas, usando-se 0,28% de boro (B); 0,05% de cobre (Cu); 5,7% de ferro (Fe); 1,2% de manganês (Mn); 0,37% de zinco (Zn) e 0,08% de molibdênio(Mo) na concentração de 1,5 mL/ L.

Sementeira convencional

Substrato com textura média e teor médio de matéria orgânica (MO).
Usar 50 g/m2 de P2O5 no sulco de semeadura ou 1300 g/m3 de P2O5 incorporado ao substrato.

Após desbaste, aplicar 1 L/m2 de solução com 1 g de N na forma de nitrato, e repetir a aplicação 45 dias após, com outra solução contendo 2 g/L de N

Adubação de viveiro

Calagem de acordo com a análise do solo.
Aplicar 20 g de P2O5 /m de sulco antes da repicagem.
Aplicar 300 g de esterco de aves curtido por metro linear, incorporado entre plantas após pegamento dos porta-enxertos.
Aplicar, três vezes, 4 g de N/m de sulco entre o pegamento e a época de enxertia.
Pulverizar as folhas com uma solução de 2 g/L de N a partir do 1º mês após o pegamento do porta-enxerto. Repetir as pulverizações mais quatro vezes, de 20 em 20 dias, aumentando a concentração da solução até 4 g/L. Usar nitratos, de preferência.

Adubação de tubetes

Usar substrato com baixa densidade, rico em nutrientes, com elevada CTC, boa capacidade de retenção de água, aeração e drenagem, boa coesão entre as partículas ou aderência às raízes, leve e preferencialmente estéril.
Aplicar 1300 g de P2O5/m3 de substrato.
Após o 1º raleamento, aplicar 10ml de “solução de arranque”, por tubete a cada 10 dias.
Solução de arranque = 10 g MAP (fosfato monoamônico)+ 5 g nitrato de potássio + 1,2 g cal hidratada por litro de solução.

Adubação citropotes

Substrato idêntico ao usado no tubete.
Usar 1300 g P2O5 /m3 substrato.
A “solução de arranque” deve ser aplicada desde o pegamento do porta-enxerto até a sua enxertia.


Antonia Fonseca de Jesus Magalhães

Pesquisadora Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical
Contatos: antonia@cnpmf.embrapa.br

REFERÊNCIAS
BOAVENTURA, P. S. Demanda de nutrientes por mudas cítricas cultivadas em substrato em ambiente protegido. 2003. 72f. Dissertação (Mestrado em Nutrição de Plantas). Instituto Agronômico de Campinas, Campinas, 2003.

DECARLOS NETO, A.;SIQUEIRA, D. L. de; PEREIRA, P. R. G.; ALVAREZ, V. V. H. Crescimento de porta-enxertos de citros produzidos em tubetes e influenciados por doses de N. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.24, n.1, p.199-203, 2002.

ESPOSITI, M. D. D.; SIQUEIRA, D. L. de. Doses de uréia no crescimento de porta-enxertos de citros produzidos em recipientes. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.26, n.1, p.136-139, 2004.

SCVITTARO, W. B.; OLIVEIRA, R P. de; MORALES, L. F. G.; RADMANN, E. B. Adubação nitrogenada na formação de porta-enxertos de limoeiro ‘Cravo’ em tubetes. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.26, n.1, p.131-135, 2004.

SOUZA, M.; GUIMARÃES, P.T.G.; CARVALHO, J.G. de; FRAGOAS, J.C. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V.,V.H. Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais, 5. aproximação. Viçosa:CFSEMG, 1999. p.219-225.

Artigo visto em: http://www.grupocultivar.com.br/site/content/artigos/artigos.php?id=433

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