Produção de Morangos em Hidroponia

O Morangueiro:

 O morangueiro é uma das principais plantas de cultivo em hidroponia, perdendo em importância somente para a alface.

O morangueiro é uma planta herbácea estolonífera, perene, com caule semi-subterrâneo, conhecido como coroa (caule modificado). A medula é muito suscetível às geadas. Na medida que a coroa envelhece pode originar de 8 a 10 novas coroas laterais.

O morangueiro possui estolões ou caules que se desenvolvem a partir das gemas basais das folhas, crescem sobre a superfície do solo e têm a capacidade de emitir raízes e dar origem a novas plantas.

As flores são hermafroditas. O cálice é formado por brácteas unidas na base. As pétalas são livres, lobuladas, brancas ou avermelhadas, dispostas ao redor do receptáculo proeminente, o qual, após a fecundação dos pistilos, se transforma no “morango”. Desta forma, os “morangos” são frutos falsos.

O morangueiro é cultivado, no Brasil, em várias formas: no solo, com ou sem cobertura plástica, em túneis baixos ou em estufas, ou em hidroponia, com ou sem substrato. O sistema de hidroponia conduzido em substrato é conhecido no país como semi-hidropônico.

O cultivo do morango é desenvolvida, em grande parte, por agricultores familiares que possuem pequenas áreas de cultivo. A necessidade da rotação de culturas aliada à maior conscientização do produtor de morangos quanto aos riscos do uso indiscriminado de agrotóxicos, têm motivado a busca por novas maneiras de cultivo para dar continuidade às suas atividades. Uma alternativa para contornar esse problema é produzir morangos em ambiente protegido em hidroponia onde é reduzida a incidência de pragas e doenças de parte aérea.

Neste sistema, o morango é produzido em substrato artificial sem contaminação por fungos fitopatogênicos e com fertirrigação (sistema semi-hidropônico). Esta alternativa é de grande importância para os produtores, pois assegura a rentabilidade da atividade, reduzindo a demanda de agrotóxicos na cultura.

O cultivo protegido também evita  danos causados pela ocorrência de chuvas e geadas em locais com invernos mais rigorosos.

Estufa para morango em hidroponia

O cultivo do morango é pleno em estufas em ambiente protegido. Os ambientes protegidos são aqueles que propiciam um microclima adequado ou próximo ao ideal para o desenvolvimento das culturas. As estufas podem ser pequenas, cobrindo somente uma bancada, ou podem ser grandes e cobrir várias bancadas.

No cultivo do morangueiro, os modelos de  estufas  mais utilizados são: túneis baixos, túneis médios e túneis altos. Estes túneis também podem ser chamados de estufas.

Características do Sistema Semi-Hidropônico:

O sistema semi-hidropônico é bastante utilizado na Europa, onde é preferido por possibilitar a melhor utilização do espaço na pequena propriedade. No Brasil, porém, é necessário definir alguns componentes tecnológicos para otimizar o retorno ao produtor e à sociedade. Entretanto, já apresenta vantagens claras frente ao sistema convencional, tais como:

– O produtor não necessita fazer rotação das áreas de produção, prática necessária para reduzir a podridão de raízes no sistema convencional de túneis baixos. Dessa forma, pode triplicar o potencial de uso da área de terra;

– Os tratos culturais podem ser realizado em pé, o que favorece a contratação de mão-de-obra;

– O novo ciclo de produção é estabelecido com a troca do saco plástico e do substrato a cada dois anos, o que auxilia na redução da incidência de podridões na cultura. Se ocorrerem podridões, elimina-se somente o saco infectado e não toda a área de produção;

– O sistema protege as plantas do efeito da chuva e facilita a ventilação, condições que impedem o estabelecimento de doenças;

– Como há menor pressão de doenças, o uso de agrotóxicos pode ser substituído por práticas culturais, uso de agentes de controle biológico e produtos alternativos, reduzindo drasticamente o risco de contaminação dos frutos, sem afetar a rentabilidade da produção;

– Permite a produção de frutas com maior qualidade e menor perda por podridão;

– O período da colheita pode ser estendido em, pelo menos, dois meses;

– O sistema facilita a adoção de princípios de segurança dos alimentos, possibilitando a maior aceitação dos morangos pelo consumidor.

Substrato para morangos em hidroponia:

O substrato serve como suporte onde as plantas fixarão suas raízes, o mesmo retém o líquido que disponibilizará os nutrientes às plantas. Um substrato, para ser considerado ideal deve apresentar características como:

  •     elevada capacidade de retenção de água, tornando-a facilmente disponível;
  •     decomposição lenta;
  •     disponibilidade no mercado;
  •     baixo custo.

Existem vários tipos de compostos que podem ser utilizados para a formulação de substratos para o cultivo semi-hidropônico. Dentre eles pode-se destacar:

  •     casca de arroz carbonizada;
  •     mistura com diferentes porcentagens de casca de arroz carbonizada + casca de pinus;
  •     mistura, em diferentes porcentagens, de casca de arroz carbonizada + turfa + vermiculita, entre outros.

Os substratos podem ter origem de materiais orgânicos (casca de arroz, turfa e húmus) e minerais (vermiculita e perlita).

Casca de Arroz Carbonizada

A casca de arroz carbonizada tem sido mais utilizada como substrato, pois é estável física e quimicamente sendo, assim, mais resistente à decomposição. Apresenta, porém, alta porosidade, que pode ser equilibrada com a mistura de outros elementos (turfa, húmus, vermiculita, etc.).

Turfa

A turfa é um material de origem vegetal. Pesa pouco e tem elevada capacidade de retenção de água. Para ser usada como mistura em substratos deve ser picada.

Vermiculita

A vermiculita é um mineral com a estrutura da mica, que é expandida em fornos de alta temperatura. É utilizada devido à sua alta retenção de água, elevada porosidade, baixa densidade, alta capacidade de troca catiônica (CTC) e pH em torno de 8,0.

Perlita

A perlita é obtida do tratamento térmico que se aplica à rocha de origem vulcânica. Sua porosidade é alta e retém água até cinco vezes o valor do seu peso; seu pH fica entre 7,0 e 7,5. Pode ser misturada a outros elementos como a turfa e a casca de arroz carbonizada. Sendo um material obtido de lavas vulcânicas, o mesmo não é produzido no Brasil. Isso faz com que se opte por compostos encontrados com facilidade no mercado interno.

Acondicionamento do substrato:

O substrato deverá ser acondicionado em embalagens de filme tubular, preferencialmente branco, disponível no mercado. Embalagens claras ajudam a evitar o aquecimento da água e, conseqüentemente, do substrato em seu interior, evitando que as raízes sofram algum dano devido à elevação da temperatura em dias quentes.

As embalagens para o acondicionamento do substrato podem variar quanto ao tamanho e, conseqüentemente, quanto ao número de plantas que a mesma suportará. Os tamanhos mais utilizados são de 0,3 x 1 m de comprimento e 0,3 x 0,35 m, para comportar oito e quatro plantas, respectivamente.

As embalagens utilizadas com o sistema de irrigação por microgotejamento, após ser colocado o substrato, possuem as seguintes dimensões: 0,3 x 0,35 x 0,10 m. O volume de substrato que cada embalagem acondiciona é de, aproximadamente, 8 L. Nessas embalagens pode-se plantar quatro mudas de morangueiro. Na parte inferior das embalagens são feitos furos para que ocorra a drenagem da água.

O uso de embalagens menores apresenta-se mais vantajoso, caso ocorra alguma doença, pois poucas plantas serão contaminadas e perdidas, e pouco substrato será descartado.

Embalagem de 8L de substrato, para quatro plantas.

Mudas de morangos para hidroponia:

Preparo das Mudas

O preparo das mudas é muito cuidadoso e é feito em relação às folhas e às raízes.

Ao receber as mudas do viveiro, deve-se retirar as folhas cortando-as na haste, deixando estas hastes com 3 cm de comprimento. As raízes também deverão ser cortadas, deixando-as com 4 cm de comprimento.

Plantio das Mudas

O plantio das mudas deverá ser feito nas embalagens com o substrato previamente saturado. Após a saturação das embalagens são feitos orifícios, nos quatro cantos da embalagem, onde serão inseridas as mudas, devidamente preparadas. O espaçamento entre as plantas é de 0,20 m. É importante observar que as raízes não fiquem dobradas, ao serem plantadas na embalagem, pois isso poderá comprometer o crescimento da planta.

Somente após o plantio é que deverão ser feitos os furos, embaixo das embalagens, para a drenagem da água que ficará retida no fundo.

Manejo das mudas

Aos 15 dias após o plantio, são observadas as primeiras flores. Para que as plantas cresçam e se desenvolvam bem, é necessário um desbaste contínuo destas flores até que as plantas apresentem cinco folhas. À medida que as plantas crescem é necessária a realização de limpezas periódicas, retirando-se as folhas que envelhecem ou que, porventura, possam apresentar alguma doença.

Todo material retirado deve ser acondicionado em sacos plásticos. À medida que estes ficam cheios devem ser retirados do local e colocados em covas que deverão ser cobertas por plástico incolor. A embalagem deverá ser manuseada com cuidado para não disseminar doenças que possam estar no seu interior, e enviada para reciclagem.

Manejo da irrigação:

No cultivo protegido do morangueiro semi-hidropônico, em substrato artificial, utiliza-se a irrigação por gotejamento. A irrigação localizada tem como vantagens: alta eficiência de aplicação, economia de água, energia e mão-de-obra, permite automatização, fertirrigação e não interfere nos tratos fitossanitários. Este sistema aplica água diretamente na região das raízes.

A qualidade da água é um fator importante na irrigação na hidroponia. Água de má qualidade poderá causar toxicidade nas plantas, e, se for suja, entupirá o sistema de irrigação, que é bastante sensível a partículas minerais e orgânicas.

A irrigação em hidroponia  pode ser feita de três maneiras:

  1. com mangueira gotejadora que atravessa as sacolas que acondicionam o substrato, com espaçamento entre os gotejadores de 0,10 m;
  2. com mangueiras e gotejadores instalados a cada 0,10 m;
  3. com microgotejadores colocados, individualmente, para cada planta.

Neste último sistema acopla-se à mangueira de ½”, botões gotejadores, distribuidores, microtubos e estacas, cravadas próximas à planta, uma vez que são as responsáveis pelo gotejamento.

O tempo de irrigação, no sistema semi-hidropônico, normalmente é em torno de 2 a 5 minutos, sendo fornecido até 1 L de água por saco, por irrigação, dependendo da época do ano e da condição climática.

Outros equipamentos necessários são: um conjunto moto-bomba, reservatórios de água para o preparo da solução nutritiva e irrigação do sistema, um condutivímetro para medir a condutividade elétrica da solução e um peagâmetro para medir o pH da solução.

Manejo da solução nutritiva:

As soluções nutritivas para hidroponia podem ser adquiridas prontas no mercado ou ser formuladas por técnicos. No caso da segunda opção, usar a formulação apresentada nos Quadros 1a e 1b.

A condutividade elétrica (CE) dessas soluções iniciais (fase vegetativa e frutificação) deve ficar ao redor de 1,4-1,5 mS/cm.

As aplicações dos nutrientes são realizadas semanalmente, no entanto a freqüência de irrigação varia conforme a cultura. Durante a fase reprodutiva faz-se irrigação a cada quatro dias; na fase reprodutiva, dependendo da temperatura do ambiente, é realizada a cada 1 ou 2 dias.

Articulo visto em: www.tudohidroponia.net

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