Micronutrientes

No preparo da terra para um jardim, horta ou pomar, logo pensamos na adubação. Esta seria feita com macronutrientes, como nitrogênio, fósforo e potássio. Alguns pensam inclusive no calcário, fonte de cálcio e magnésio. Mas e os micronutrientes?

A denominação “micronutrientes” não significa que são nutrientes pequenos. Significa, no entanto, que são nutrientes usados pelas plantas em pequenas quantidades. Só para se ter uma ideia, eles são citados nas fórmulas em ppm (partes por milhão). Cinquenta ppm equivalem a 50 gramas por tonelada de solo.

Para o entendimento prático, podemos dizer que os micronutrientes são para as plantas, o mesmo que as vitaminas são para nós. Os micronutrientes essenciais (não podem faltar) são o zinco (Zn), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), boro (B), cobalto (Co) e cloro (Cl). Já elementos como o sódio (Na), cobalto (Co), silício (Si), alumínio (Al), e níquel (Ni), são considerados benéficos.

Os micronutrientes são fundamentais à saúde das plantas.

Muitas vezes os sintomas de carência são confundidos com doenças. Eles devem estar em equilíbrio com os macronutrientes. Por exemplo, a falta de cobre causa uma manifestação de excesso de nitrogênio. Não que o nitrogênio tenha aumentado, mas sim o cobre diminuído. Na planta isto se traduz por um crescimento excessivo, um tanto descontrolado, que deixa a planta frágil, com um verde escuro e suscetível à pragas e doenças. Portanto, nitrogênio e cobre devem estar em equilíbrio. Nos nossos solos, as maiores carências são de boro (B), cobalto (Co) e zinco (Zn). Claro que dependendo do solo, cultura e cuidados podem ocorrer carências de outros micronutrientes.

Sintomas das deficiências de micronutrientes:

Boro: Se houver carência, as folhas das pontas (ponteiros) ficam deformadas, além disso as gemas terminais e as brotações laterais também secam.

Cloro: Murcha das brotações e das pontas das folhas, clorose (manchas descoloridas). Crescimento reduzido de folhas, com eventual bronzeamento. Corrige-se com cloreto de potássio.

Cobre: Folhas novas alongadas, deformadas e com margens descoloridas e enroladas para baixo.

Ferro: Folhas com verde muito claro, com estreita faixa verde ao redor das nervuras, inicialmente nas folhas mais novas. Folhas com aparência de vidro, transparentes e retorcidas.

Manganês: Redução da produtividade e viço geral das plantas. Aparecem manchas descoloridas entre as nervuras das folhas. Em deficiências graves a planta toda pode ficar descolorida.

Molibdênio: Folhas mais velhas adquirem um tom amarelado. Pode ocorrer também necrose marginal das folhas.

Zinco: A deficiência provoca atrofia das folhas, encurtamento dos internódios e aparecem folhas em “tufos” nas pontas dos ramos.

Clorose é um sintoma típico de diversas deficiências.

Para suprir estas possíveis deficiências, existem alguns micronutrientes específicos. No caso do boro, pode-se corrigir a deficiência utilizando-se uma solução de bórax – 10 gramas/10 litros de água nas pulverizações. Já a carência de zinco, pode ser corrigida pulverizando-se sulfato de zinco a 0,6%, ou seja 6 gramas por 1 litro de água. Para cada deficiência pode-se lançar mão de um fertilizante específico, preferencialmente sob orientação de um eng. agrônomo. Há também fertilizantes completos destinados a corrigir e suprir as necessidades gerais de micronutrientes.

No entanto, uma boa adubação orgânica, aliada a um bom cuidado com a terra, evita a grande maioria destas deficiências. Um composto bem feito, com pelo menos 3 tipos diferentes de materiais (no mínimo), contém  praticamente todos os macro e micro nutrientes essenciais às plantas. O uso alternado de esterco bovino e de aviário, bem curtidos, também ajudam muito no enriquecimento do solo.

Utilize defensivos apenas com muito critério e sempre sob orientação de um eng. agrônomo, principalmente se você for aplicá-los sobre a horta ou pomar, que produz os alimentos que vão à mesa da sua família. Lembre-se que os inseticidas, por exemplo, não matam apenas os insetos indesejáveis, e sim “todos”, incluindo as abelhas que tem importante papel na polinização das plantas. Evite também os herbicidas. Em cultivos domésticos eles dificilmente se justificam. Vale muito mais à pena arrancar os matinhos com a mão, ou com a enxada, a sair aplicando herbicidas para controlar meia dúzia de plantas. Já os fungicidas, até mesmo os ditos “liberados”, também podem provocar sérios desequilíbrios no solo e intoxicações nas pessoas que consumirem produtos da horta ou pomar contaminados e muitos tem efeitos cumulativos.

A cobertura morta ajuda a preservar os micronutrientes do solo.

Procure manter seu solo sempre coberto, com cobertura viva ou cobertura morta. Solos cobertos com folhas secas ou qualquer outro tipo de cobertura morta, contém um aceitável nível de zinco, pois este micronutriente fica nas camadas superficiais da terra. Além disto, a cobertura morta controla o pH do solo. Solos ácidos tendem a elevar-se com esta cobertura.

Eu costumo manter meu solo coberto pela vegetação nativa, e na falta desta, como nas “coroas” das plantas, uso folhas secas. Não tenho problemas com pragas. Raramente uma ou outra planta pode sofrer um pequeno ataque, mas nada significativo que exija ações imediatas ou drásticas.

Portanto, fica aí mais uma dica. Vamos tratar nosso solo com carinho, pois não deixa de ser uma riqueza que temos. Muitos pensam em tratar da planta, quando o correto seria tratar do solo. Quando o solo está bem, com certeza a planta também estará. Um composto bem feito contém todos os micronutrientes.

Bom cultivos e boas colheitas a todos.

Artigo visto em: http://www.jardineiro.net/

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